RESENHA: AS CRÔNICAS DE ÂMBAR (TOMO I)
Nem acredito que levei tanto tempo para conhecer essa história magnífica. Nesse volume há 5 livros compilados e acho que isso fez muito bem para a experiência do leitor. O protagonista fala com o leitor de forma tão deliciosa que é como se você estivesse sentado ouvindo uma fofoca. ''As Crônicas de Âmbar'' são contadas por Corwin, um príncipe que se encaixa nos traços de anti-heróis: ele é charmoso, inteligente, cheio de mistérios e faz escolhas questionáveis, beirando até o vilanismo às vezes, mas sem nunca perder o fator de carisma que faz o leitor torcer por ele. A premissa da história é básica: uma história de vingança de um príncipe que foi exilado numa terra estranha e cheia de peculiaridades e que ao acordar sem memórias, descobre que sua família é muito poderosa (e nesse caso, podem manipular a realidade) e tem como missão pegar de voltar o trono do irmão.
"Gosto de bibliotecas. Sinto-me confortável e seguro por ter paredes de palavras, belas e sábias, ao meu redor. Sempre me sinto melhor quando vejo que há algo para conter as sombras."
Ele atravessa um mar de dificuldades, vive aventuras e conhece pessoas interessantes, umas boas e outras nem tanto. Ele conhece diversos locais, tem diálogos muito ''citáveis'' e jamais perde o ritmo entre uma trama e outra. Lembra bastante uma narrativa de que se espera de RPG, mas com foco. Os temas e o tipo de abordagem deles fica mais para A guerra dos tronos do que O Senhor dos Anéis, mas há elementos fantásticos para os fãs de ambos e de vários outros. É uma construções de mundo totalmente origina. Uma fantasia com sensibilidade moderna, mas com o charme de décadas passadas. A narrativa é tão autoconsciente que um certo momento tive a impressão que o Corwin conversou com o autor do livro no meio da história.
"Qual é a verdade, afinal? Verdade é o que você faz dela".
E aqui não há pena para construir os personagens: eles têm direito de serem falhos sem ser más pessoas e de serem muito bons sem precisar acertar o tempo inteiro. Há questões existencialistas, sobre o limite de ''os meios justificam os fins'', a necessidade de libertação feminina, questões sexua1s, dentre outras questões que jamais deixam de ser relevantes para a sociedade. Às vezes a narrativa oscila para o romance policial, e aí vai para uma coisa meio scifi, depois aventura e etc. É impossível ficar entediado. Fiquei apaixonada e mais animada para caçar outros tesouros das fantasias mais antigas.

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